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Tapajós: criação do estado pode afetar os mais pobres

Aldeias indígenas na beira de rio localizado na floresta amazônica.

Nos últimos meses, voltou a ser discutida a divisão do estado do Pará, a segunda maior unidade federativa do país, para a criação de Tapajós.

Esse possível estado, que se aprovado terá como capital a cidade de Santarém, comportaria mais da metade do território paraense, o equivalente a 59%.

Em resumo, a criação de Tapajós está em discussão no Congresso e, por certo, caberá aos senadores decidir por um plebiscito – em outras palavras, uma consulta à população, com o intuito de saber se ela está de acordo ou não.

Tapajós é um assunto antigo

Tapajós: criação do estado já teve um plebiscito em 2011 em que também foi votada a criação de Carajás. Ambos receberam mais votos contrários do que positivos. Foto: Brasil Escola
Tapajós, Carajás e Pará - mapa ilustra como seria a separação do segundo maior estado do Brasil. Foto: Brasil Escola

Em 2011, ocorreu um plebiscito sobre o tema, com o objetivo de criar não só o estado de Tapajós, mas também Carajás.

Como resultado, a população foi contrária à formação de ambos, com mais de 66% de votos “não”.

Na região do Pará, sempre existiram movimentos separatistas. Mais precisamente desde o século XIX.

Como já se passaram mais de 10 anos desde a última decisão, é preciso entender as consequências dessa votação importante e, ao mesmo tempo, difícil para os mais de 8 milhões de paraenses.

Possíveis consequências da criação de Tapajós

1. Apagamento de culturas

Primeiramente, não dá para negar que a cultura paraense é muito forte na região Norte.

Afinal, é conhecida pela farta quantidade de água e mata, pelos temperos, ervas, alimentos e frutos típicos, além, é claro, da riqueza de povos, costumes, conhecimentos e linguagem.

O estado do Pará tem diversas etnias e veias culturais. Foto: Washington Pamplona | Tapajós
O estado do Pará tem diversas etnias e veias culturais. Foto: Washington Pamplona

Segundo a UFOPA, o estado contém uma das maiores diversidades étnicas do país, já que possui 55 etnias indígenas, além das comunidades urbanas, rurais, ribeirinhas e quilombolas.

Isso significa que dividir o território pode acabar com o repertório cultural de 5 séculos, desde a primeira ocupação dessa terra.

Cacaueiro | Tapajós
O Pará é pioneiro na produção de diversos alimentos, como o cacau. Foto: Agência Pará

2. Poucas riquezas

Em segundo lugar, a abundância do estado é tanta, mas tanta, que 4 municípios estão na lista das cidades mais ricas do Agronegócio nacional em 2020.

Aliás, o Pará é muito rico em minerais. O ouro, ferro, alumínio e cobre garantiram o crescimento de 51% da mineração paraense só em 2021, durante pandemia do Coronavírus.

Ainda, segundo o governo paraense, o estado está em 3º lugar no ranking de pecuária do país e também é líder no cultivo de açaí, cacau, abacaxi, dendê, pimenta-do-reino e mandioca. Com ampla atuação no comércio, serviço, turismo e exportações, atualmente é o estado que terá o maior crescimento de PIB em 2022, segundo a projeção da Tendências Consultoria.

Sob o mesmo ponto de vista do apagamento de culturas, tanto a economia de Tapajós quanto do Pará seriam influenciadas de forma negativa, já que o território paraense e unido contribui, com efeito, para a economia nacional.

3. Fim de políticas públicas, principalmente para pessoas em vulnerabilidade

Em terceiro lugar, o Pará tem um ótimo histórico de investimento em políticas sociais para as diversas comunidades presentes no estado.

Criança na beira de um riacho | Tapajós
Criação do estado de Tapajós pode afetar os mais vulneráveis. Foto: zedudu.com.br

Segundo a Agência Pará, muitas dessas ações são realizadas pela Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) e pela Fundação ParáPaz.

Quanto à infância, algumas dessas iniciativas são o programa Primeira Infância, que dá apoio para gestantes e crianças, e o enfrentamento contra o trabalho infantil, com orientações, marchas, bem como doações de cestas básicas organizadas pela FPETIPA, órgão da Seaster.

Já para os idosos, existem unidades de acolhimento que, só em 2020, receberam quase 100 pessoas. Da mesma forma, durante a pandemia, a Seaster organizou abrigo para 700 pessoas que estavam em situação de rua.

E os ribeirinhos?

Sem dúvida, o estado tem uma ampla atuação em comunidades ribeirinhas. Antes mesmo das famílias serem atingidas pelas cheias dos rios, a Defesa Civil tem eficazes planos de contingência.

Tanto quanto o enfraquecimento de riquezas no estado, infelizmente, todas as práticas sociais, realizadas até o momento, podem ser afetadas. Acima de tudo, isso pode impactar no cotidiano dos beneficiados e, por consequência, aumentar a pobreza do país.

E você, o que acha da criação do estado de Tapajós?

Seja a favor ou contra, esperamos que esse texto tenha ajudado você nessa decisão.

De qualquer forma, é importante que a população paraense, e todo o povo brasileiro, saiba que existe outro projeto tão importante quanto esse sobre Tapajós: o projeto Casa de Várzea.

Em suma, o nosso projeto tem a finalidade de criar casas seguras e sustentáveis para os ribeirinhos, que, infelizmente, são atingidos pelas cheias dos rios todos os anos.

Agora, para que os ribeirinhos tenham casas assim, é importante que o nosso projeto vire política pública e que o Pará continue sendo uma unidade. Assim, as famílias ribeirinhas de todo o estado poderão ter acesso ao projeto Casa de Várzea e garantir a segurança de seus lares.

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